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22-03-2005

Vidas com leitura


Univer(sal)idades

Em inícios de (seca) primavera, e já que tantas vezes os cenários da natureza captam brilhantes inspirações poéticas, sublinhamos que este é um ano especial em termos de referências de literatura universal. Relembram-se grandes personalidades que, muito para além da sua época, transmitem-nos estímulos ricos de conteúdo, sonho e imaginário. Cada obra literária, cada pensador, cada projecto, pelo rasgar de horizonte criativo do seu escrito abre novas janelas do nosso próprio pensamento e apela a darmos mais lugar ao permanente reinventar da própria vida. Ao nosso mundo dos telemóveis ou da TV, o livro, rico de memória de vida e intuição, desafia cada pessoa à capacidade da elevação e superação?

Nestes dias lembra-se o centenário da morte de Júlio Verne. Aquele que anteviu muitas das invenções do nosso tempo. Da viagem à lua, à invenção do helicópetro, submarino, ar condicionado, mísseis teleguiados, despertou a curiosidade intelectual do seu tempo desafiando gerações a conhecer o mundo e o progresso tecnológico. Lembra-se também os cem anos dos famosos cinco artigos de Albert Einstein, incluindo o da Teoria da Relatividade (E="mc2)," por isso 2005 é o Ano Internacional da Física, em celebração também entre nós. Deste judeu, considerada a personalidade maior do século XX, assinalam-se os 50 anos da sua morte (a 18 de Abril). Este também é o ano do escrito emblemático de Miguel Cervantes, passam quatrocentos anos da sua obra prima universal, “Dom Quixote”.

Para além destas destacadas vidas, das suas obras literárias ou físicas, há sempre por trás uma pessoa humana que tão simplesmente sonhou, procurou e esteve atentíssima. Porquê eles e não outros? Muitas vezes perguntamo-nos: o que nos separa de tamanhas personalidades? Quantas vidas, se tivessem redescoberto seu sentido e suas capacidades, que voos admiráveis poderiam atingir (por isso sempre humildes, com os pés em terra, como M.Ghandi, Luther King, Teresa de Calcutá, ou mesmo, nas artes, o ‘cego celestial’ Andrea Bocelli e o humanitário Bono Vox do U2)? Quantos génios silenciados por tantas circunstâncias?... (Por exemplo, lembremos que para a mentalidade abortiva dos nossos dias, a vida do génio musical Wolfgang Amadeus Mozart teria sido quase impossível; de sete irmãos só dois escaparam, e ele veio depois de alguns terem ‘nascido’ mortos, sendo pela lógica a expectativa limitada? Deste precioso nascimento celebraremos os 250 anos a 27 de Janeiro próximo.)

Mas o essencial de tudo, porque é aí que todas as visões dinâmicas acontecem, está sempre no dinamismo de novidade que ocorre na consciência de quem do nada faz tudo, ou do paralisante e inactivo pessimismo procura criar, inventar. Ou seja: que leitura de vida é que se faz para que fique algo para ser lido (pelos vindouros)? Que escola de vida conseguimos alicerçar? Para o não afunilamento das ideias na especialização do pormenor (mas lançando o olhar pelas personalidades que referimos ou por outras) que temos ou teremos para contar às gerações futuras? Que interessantes histórias de vida serão capazes os pais do futuro contar entusiasmados aos seus filhos? E eles ouvirão?!... É sempre importante apercebermo-nos que é essencial uma visão de conjunto sobre a nossa própria vida (como Leonardo de Vinci), apreciar o que nos rodeia, (re)ver a sociedade, ajudar sendo solidário, mergulhar numa dimensão espiritual (sem preconceitos) e cultural que nos envolve e viver o espírito crítico de modo positivo e liderar uma ‘causa’ (só aqui a realização humana atingirá a sua maturidade)? É isto, porque arriscámos, que contaremos e escreveremos para o futuro, não será sobre as horas passadas à frente do computador ou da viagem funcional apressada.

No aproximar da verdadeira Páscoa que não consiste em amêndoas nem folares, para além da suavidade social, bem imersos na ‘causa’, valerá a pena recordar que a maior aventura da existência (a vivida por Jesus Cristo) propõe precisamente a capacidade de “passagem” contínua a novas leituras de vida, aquelas em que não manda a ficção das obras literárias (com os seus “códigos” da ilusão economicista) mas sim o decisivo empenho em arriscar construir algo de novo e belo na vida ao serviço dos outros.

A felicidade, que tanto é procurada apressadamente na doçura das coisas práticas do mundo, não se encontrará nessa facilidade que tão instantaneamente se anseia. Talvez numa leitura de vida ao jeito pascal a “passagem” no exame do sentido da vida esteja sempre garantida. Este foi o sábio segredo dos génios, viram para além de si mesmos; aqui a vida será um processo de construção permanente, o que afasta os cenários asfixiantes de vidas secas que não têm página que se leia?e possibilita um livro da vida rico de vivências arriscadas, ousadas e felizes!

Alexandre Cruz*

*Centro Universitário de Fé e Cultura da Universidade de Aveiro


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